Estou de volta!!! Ainda que a meio gás.
Tanta coisa para contar.
Depois das férias do papá, vieram as férias dos avós e depois uma tragédia.
A Miss M está a ficar com a boca cheia de dentes (está a deixar de ser a minha bebé), aparece um todas as semanas e felizmente sem dar dores de cabeça. Continua uma bebé elegante e muito bem comportada, meiguinha mas muito determinada, não aceita facilmente um não e come que é uma maravilha.
A minha irmã foi operada na quinta-feira passada e felizmente correu tudo bem. Mais uma vitória maninha!!
Eu continuo sem conseguir arranjar trabalho e esta nuvem negra teima em não desaparecer. Mas é preciso não desistir e continuar à procura sempre!!!
Dia 6 de Setembro depois de um dia de praia e com uma noite que prometia ser muito quente, eu queria aproveitar e brincar um bocadinho com a M na varanda. Acendi as velas de citronela anti-mosquitos e sentei-me para desfrutar o calor da noite. Logo de seguida a M veio ter comigo e uns miseros segundos foram o suficiente para o mundo desabar... Enquanto me colocava de forma a deixar a Miss M à vontade a maldita vela pegou-lhe no vestido que se incendiou. Passei momentos de verdadeiro pânico. Acho que ela nem se apercebeu do que lhe estava a acontecer. Assustou-se com os meus berros. Naqueles segundos passou-me tudo pela cabeça, sim eu quero acreditar que a minha bebé passou por aquele sofrimento poucos segundos. Não tinha nada à minha beira para apagar o fogo. Tentei com as mãos apagar as chamas. Não consegui... Em desespero deitei-a no chão. Abafei as chamas e rasgei-lhe o vestido, queimei a minhas mãos. Eu tremia, chorava e gritava e acho que até foi isso que deixou ainda mais assustada. Perdi a noção do tempo. Pedi ajuda aos meus pais que demoraram uma eternidade a chegar cá casa (pelo menos foi o que me pareceu). Enquanto não chegavam coloquei-lhe Bepanthene nas costas, numa tentativa de lhe minimizar a dor. Vivi os piores momentos da minha vida. Nem sei bem explicar o que senti além da culpa... Muita culpa... Sempre disse ao J. para nunca virar as costas à M e foi exactamente o que fiz... virei-lhe as costas para arrastar uma cadeira. A culpa foi toda minha...
Fomos para o hospital onde foi imediatamente observada. Trataram dela da melhor forma disso não tenho dúvidas.
Adormeceu no meu colo, cansada, enquanto esperávamos pelo processo de internamento e acordou tão bem disposta, que me surpreendeu. Quem a visse não imaginava o que lhe tinha acontecido. Não tinha sequer aparente sensação de dor, além de alguns cabelinhos chamuscados.
Passámos 3 dias e 3 noites no hospital e a minha menina portou-se como uma verdadeira lady.
Regressamos ontem à noite a casa e eu ainda não tive coragem de me sentar lá fora com ela. Mas sei que isso terá que acontecer, não quero que a minha filha viva com fantasmas e quero sobretudo que ela aprenda a vencer todos os obstáculos que a vida lhe apresentar.
Ao contrário do que inicialmente pensei, a extensão da queimadura não é grande e acredito que apesar do azar alguma estrelinha este do nosso lado. Nas costas tem apenas umas marcas e veio para casa sem ligadura, onde está pior é na parte interna do braço, logo a seguir à axila e nas costas da mão direita. Tem que fazer o penso diariamente e se tudo correr como previsto só restará deste terrível acidente uma mera memória que vivi absolutamente sozinha.
A praia para nós terminou. E Sol nem vê-lo!!! A Miss M tem que usar camisolas de manga comprida e assim que tirar os pensos creme de factor 50 mesmo no Inverno.
Sei que devia tentar não me recordar do que aconteceu mas não consigo. Tenho necessidade de me lembrar de tudo para nunca mais facilitar.
E sempre que me lembro não consigo conter a emoção. As lágrimas teimam em cair... a culpa foi minha...
SÓ minha...